quinta-feira, 5 de junho de 2014

Division of the heart

Aquela única forma de vida à qual você se apega, acreditando que é a única que foi feita para você, acreditando que ela é sua e, por efeito, que você é dela. Você não quer partir. Mas ela não te impede. Ela não se move. 
Ela apenas observa a vida te levando para longe, sem demonstrar sentimento algum, como se ela já esperasse a sua partida. Enquanto você se desmorona por dentro e tenta se agarrar ao que resta, ela, parada, parece lhe dizer que vá, como quem já espera por esse momento, assim como quem espera o trem sabe que ele virá, não importa o quanto demore. A certeza dela destrói o elo.  A certeza dela te corrói  o peito. A certeza dela te ofende.
Mas a estrada foi feita para ser seguida. E você segue. Sem certeza alguma, com um buraco no peito corroído e os pensamentos feitos de vapor. Tenta se apoiar em algo, mas é tudo insólito nesse momento… Então você simplesmente se entrega ao nada. Olha em outra direção e deixa que o tempo passe lentamente sobre o seu corpo, apertando cada osso, espremendo sua pele, pegando sua mente nas mãos e balançando como uma criança que tenta adivinhar o que tem dentro da caixa. É assim que você (se) parte. É assim que a vida se divide.


Tiago da Silva Vieira

segunda-feira, 26 de maio de 2014

PELA FECHADURA

Eu gosto mesmo, é assim, de espiar. Olhar nos pequenos e curtos buracos de fechaduras, observar movimento, cores, sentimentos. 
Claro, da minha cabeça sempre salta qualquer desenho perdido na rotina, crio histórias animadas que ninguém nunca vai ver, só existe no fluxo, num lapso de momento (puf,acabou).
Gosto das histórias diárias que chegam a mim na mesma correria que se esvaem, uma atropelando a outra, ainda que se deixando marcar - ou marca-me depressa? Cinco chuvas, céu cinza e nublado, talvez tão claro como seus olhos, como sua cidade, aí do outro lado do Rio... Rio agora de Maio, mais em breve só de Junho, talvez me guarde, me perca, me entenda ou me domine.
Deixe o tempo dizer.



Tiago da Silva Vieira.

IMAGINAÇÃO

Viajei para longe da minha imaginação, dei de cara com o mundo ao pé da letra. Me assustei!
O amor virou pó por aqui, nesse mundo as pessoas fazem ao contrario, elas se odeiam, se destroem, se traem, se matam... 
Por aqui a vaidade é o pecado mais comum, e ao mesmo tempo, nas vielas os cachorros e as crianças disputam os restos para almoçarem.
Por dinheiro fácil ninguém mede esforços, vão de "piramides de vendas na internet" até de laranjas para ladrões de gravatas roubarem, roubarem e roubarem....
A música também está surrada, por aqui não se tem poesia, nem rimas, não tem melodias e acordes feitos com a fina arte. Por aqui a batida é uma só, as letras são palavrões, as danças coreográficas por aqui não existem também, te aconselho a aprender a rebolar para vir pra cá.
Não existem roupas estilosas mais, alias, por aqui qualquer palmo de pano serve. As meninas se divertem tirando onda com os caras e os caras ficam ali sedentos, as desejando. Observei aquilo e fiquei quieto né, não sou daqui. Melhor me calar.
Soube que amigos por aqui são difíceis de se encontrar também, dizem que as pessoas só são suas amigas em duas situações, uma se você estiver na melhor, ostentando... E a outra é quando precisam de algo, de um favor e tal, fora isso, você ta sozinho.
Notei que os dias por aqui voam, são corridos e amontoados! As pessoas estão sempre com pressa, sem tempo pra nada. Talvez por isso esse mundo está tão negativo assim, espero que essas pessoas despertem desse mundo, que o torne melhor, que o vivam de verdade.. 
...Ou apenas usem a sua imaginação!



Tiago da Silva Vieira.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

SEM ROUPAS

Love
Ando nu pela casa porque tenho preguiça de me vestir. Tenho preguiça de definir meu humor, decidir minhas indefinições, escolher com que música dançar.
Prefiro pegar o carro e correr até teus lábios. Quando éramos, andávamos pelados pela casa, exibindo curvas duvidosas, pele sobrando e um pouco de sensualidade... Ainda nos amávamos, e era tão bonito porque aquelas bundas passeavam por todos os metros quadrados sem vergonha e isso significava tanto pra nós como tomar um café e jogar conversa fora na mesa da cozinha. Naquele outro dia, quando voltei lá, fazia frio e você me cobriu. Não andamos mais nus por aí porque já não nos sentimos mais bem... 
Aliás, não nos sentimos, eu não me sinto, nem sei mais o que sou e não sei escolher roupas ou sapatos ou a maneira de me comportar diante do nosso fim. Eu prometo por toda minha vida ser somente teu, eu cantei, você no piano, o encontro de duas peles nuas quentes, era mentira, mentira porque eu nunca soube que nunca teria a oportunidade de entender porque não somos mais dois, e agora só corpos cobertos trabalhando, andando pelas ruas lotadas, amanhecendo nas xícaras de café, correndo para pegar ônibus. 
Eu não gosto dessa realidade, da vida cotidiana, do barulho dos carros... Eu gosto de imaginar domingos sentados na chão da sala, despidos em cima do tapete, ouvindo aquela música suave e baixinha, pode ser Bon Jovi, pode ser Detonautas, ou Engenheiros ... Você escolhe! Chove e entra pela janela uma luz úmida e difusa como nosso amor, imagino também leves toques no piano, eu canto, você me ama, e vivemos os dois simbioticamente sem roupas e sem os pesadelos da rotina.
Mas anda muito difícil sentir, esboçar qualquer sentimento, sentir, sabe, aquela coisa que aperta o coração e depois você sente quente dentro. Não sinto mais, cortei meus cabelos, minhas unhas e fui embora já sem o coração: Deixei nu, sobre o piano, dentro de uma xícara de café, todo pra você, mas agora quero de volta.  
Me mande no primeiro ônibus que puder, ok? E venha junto. Sem os compromissos da rotina, sem indefinições, sem tristezas guardadas e - principalmente -sem roupas.




TIAGO DA SILVA VIEIRA.


terça-feira, 20 de maio de 2014

UM MUNDO QUE NÃO DA PRA ENTRAR

Meus olhos mais vermelhos que o normal denunciam. Chega aquela hora, no meio da festa, que tudo parece nonsense e as pessoas gritam, cantam, cansam, apodrecem. 
Escrever se tornou difícil para mim. O céu está cinza desde que eu cheguei. Poderia sapatear, mas é só tristeza, é meio difícil sorrir nesses tempos. O amor, a que será que se destina, já não sabemos que rumo tomar. Ficar? Partir? Amar? Desiludir? Tudo parece confuso e complexo e são tantos compromissos, tanto tempo tomado, já não dá para pensar sobre aquilo que mais importa. Tomo uma dose de cachaça, minha garganta arde, eu poderia ir embora dessa festa agora, mas prefiro sofrer mais um pouco.
A cada dia que passa parecemos mais deprimidos. Mas é isso né? Crescer é aquela coisa indigesta que faz a gente casar, reproduzir e morrer, quem sabe ser feliz. Ou não...



TIAGO DA SILVA VIEIRA.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

ROMANCE

Se quiser mais tarde a gente senta e fala sobre tudo que aconteceu, expõe as mágoas, dá créditos aos traumas, pontua os fins, sem nunca esquecer que houve um começo, que foi bonito, que os meios foram divertidos e que as etapas que pulamos foram para que não chegássemos até aqui partilhando mais do que bens. Foi melhor assim, e precisamos acreditar nisso, ou não.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

SOBRE O AMOR

Sobre o amor;
Tenho dificuldades de ser perfeito, tenho vícios, problemas, defeitos.
Cometo erros demonstrando a vontade de ser melhor, as minhas intermitências. E por aí vai....
O amor não segue roteiros, vai acontecendo, fluindo naturalmente e sem percebermos ele nos invade. Sei  que o romantismo da tv não existe, é tudo uma farsa e do meu amor dou o melhor, quero vencer minhas dificuldades e meus medos.
Eu amo como acho certo,mas o certo não ama.. O certo reproduz o amor! E se eu erro, tudo bem. Quem não erra? O problema maior é que não sei se sei amar como se ama hoje em dia. Meu  amor não segue padrões, mas nem por isso deixa de ser amor. E pode estar a disposição da desconfiança, mas nunca estará ao espolio da razão. Pois o amor não tem formulas e nem regras, o amor é superação, lealdade, é parceria/união. Eu amo porque o sentimento é real, e se não for suficiente pouco importa, é sincero e de verdade e eu sei disso, é amor pleno!
Do amor pleno. Desse que não precisa se expor para ter legitimidade. Pois a certeza não existe. O que existe é o desejo de estar junto. De construir uma família. Uma historia. E quem disse que precisa ser como nos contos de fadas?
Isso é uma farsa.
O amor que não é natural, é farsa.
E se estou falando de amor é por vontade própria de senti-lo e não por obrigação.

TIAGO DA SILVA VIEIRA.